A Rebelião dos Estudantes: Brasília, 1968


Auditório do IPOL/IREL 14:30 - 00:00:00 25/05/2018 - 25/05/2018

No dia 25/5, às 14h30, no Auditório do IPOL/IREL será realizado o encontro A Rebelião dos Estudantes: Brasília, 1968 com Antônio de Pádua Gurgel (Padu). O título do evento é o mesmo do livro e do documentário produzidos por Padu. O filme será exibido e depois teremos um debate. Por fim, uma sessão de autógrafos. Não há necessidade de inscrição prévia, porém, , recomenda-se a chegada com quinze minutos de antecedência.

O livro A Rebelião dos Estudantes é um relato vivo, intenso e bem informado sobre os movimentos estudantis do Distrito Federal no ano de 1968 – tanto universitários quanto secundaristas. Simultaneamente a acontecimentos de envergadura mundial, como manifestações estudantis no México, nos Estados Unidos, movimentos negros como os Panteras Negras, o tão comentado Maio de Paris e mesmo a Ofensiva do Tet no Vietnã, o ano de 1968 foi de intensas lutas políticas – no Brasil, diante da implementação da ditadura militar.

No Distrito Federal e no Brasil, houve manifestações em protesto contra o assassinato de Edson Luís em março de 1968, ocupações de escolas e do campus universitário (na época chamadas de "territórios livres") ao longo do ano, o congresso clandestino da UNE em Ibiúna. Ao mesmo tempo, tem havido o recrudescimento da repressão, com a invasão policial-militar do campus da UnB em agosto de 1968, as prisões em massas de estudantes em Ibiúna e a decretação do AI-5 – que, na educação, desdobrou-se com o decreto 477 que previa ritos sumários de expulsão de estudantes e professores envolvidos em qualquer tipo de "subversão".

Todos esses acontecimentos são relatados de modo muito vivo no livro e no filme que serão debatidos – não por acaso, o livro de Padu foi fundamental para o relatório da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade (www.comissaoverdade.unb.br). Livro e filme têm um interesse particular porque, diante de tanta literatura sobre 1968, o relato é colocado numa perspectiva local. Vemos assim histórias que se passam numa quermesse na L2 Sul, manifestações na W3, ocupações em escolas como o Elefante Branco e o Colégio Agrícola de Planaltina, além, evidentemente, da Universidade de Brasília e seu colégio de aplicação, o CIEM.

Destaque-se, ainda, que o autor do livro realizou uma extensa pesquisa sobre o tema e, além disso, vivenciou as experiências narradas. Padu foi do movimento secundarista em 1968 – num momento de muita proximidade entre secundaristas e a FEUB então presidida por Honestino Guimarães; proximidade que não excluía as divergências e diferença políticas tão intensas naquele tempo. Ele e outros que atuaram no movimento secundarista, inclusive, passaram no vestibular em 1969, mas tiveram suas matrículas impedidas – enquadrados no decreto 477, de acordo com ordem vinda do próprio SNI à universidade (do CIEM, Ricardo Monte Rosa, Norton Monteiro Guimarães, Iraê Sassi, Sebastião Lopes de Oliveira Neto e Antônio de Pádua Gurgel; de outras escolas, Caci Maria Sassi, Luiz Carlos Monteiro Guimarães e Fernando Lobo Braga).

Somente em 1971, depois de uma ação judicial, Padu conseguiu seu ingresso na universidade. Na documentação da ASI/UnB, a assessoria do SNI dentro da UnB, Padu é novamente citado quando da grande greve estudantil de 1977 (em defesa dos direitos dos estudantes, da democracia e da anistia) – aqui, já como ex-aluno, os informantes falam de sua intensa participação no movimento estudantil – o que redundou em sua prisão, juntamente com inúmeros outros estudantes.

O evento do dia 25 de maio faz parte de um calendário necessário de discussões e rememorações sobre 1968. Esse ano foi um marco na história política mundial, do Brasil e da Universidade de Brasília. Por um lado, ele indica o poder de resistência, a criatividade e tenacidade da luta pela universidade pública e por uma sociedade justa; por outro, ele marca uma virada devido à força repressiva e à violência que se abateu sobre o país.

A Rebelião dos Estudantes: Brasília, 1968